Olá, assinante!
As mudanças no mundo do trabalho, as revoluções tecnológicas, as transformações culturais e a loooonga crise financeira no setor têm provocado verdadeiros movimentos tectônicos no jornalismo. Tendo que se adaptar continuamente, os trabalhadores da informação têm sido testemunhas e protagonistas de histórias em muitas direções. No Brasil, alguns estudos começam a mostrar para onde estamos indo…
RUMOS
Os números não são muito animadores: em um intervalo de cinco anos, metade dos que trabalhavam como jornalistas agora estão em assessorias, docência ou atividades não-jornalísticas. Dados comparativos de 2012 e 2017 também revelam redações cada vez mais jovens e o aumento no número de profissionais freelancers.
Sintomas da famigerada crise, né?
Publicado recentemente pela E-Compós, o artigo de Camilla Tavares, Cintia Xavier e Felipe Pontes investiga mudanças na carreira de 517 jornalistas brasileiros. Os participantes são os mesmos respondentes de outra pesquisa — o Perfil do Jornalista Brasileiro, realizada em 2012 por Jacques Mick e Samuel Lima.
Mulheres estão entre a maioria que deixou a profissão para exercer outras atividades, como assessoria ou docência. A transição também acompanha um percentual significativo: 60% não trabalham mais com jornalismo e estão desempregadas. Para Tavares, Xavier e Pontes, o dado é um possível indício das dificuldades estruturais de gênero no mercado de trabalho.
Pouco tempo de carreira também caracteriza a amostra da pesquisa, de dois a 10 anos. O processo de juvenilização do jornalismo, já verificado em outras pesquisas do tipo, pode ser uma pista para compreender a alta rotatividade dos mais experientes em outras áreas.
VERDADE, VACINAS E COVID
Nas últimas semanas, publicamos mais duas entrevistas em nosso especial sobre Covid-19 e comunicação.
Parece que a pandemia foi mesmo uma surpresa para a mídia brasileira. Será? Helena Martins, pesquisadora da UFC, tratou deste e outros temas importantes.
Igor Sacramento, da UFRJ/Fiocruz, fala sobre confiança, experiência subjetiva e outros fatores que têm afetado a noção de verdade na sociedade. Isso tudo abala sensivelmente o trabalho de cientistas e jornalistas. Confira mais aqui.
A MELHOR TESE
O objETHOS é um projeto desenvolvido numa universidade pública, mantido com recursos públicos. Nada mais justo que a gente dê satisfações sobre o que fazemos, e às vezes, é muito prazeroso fazer isso! É o caso desta notícia: Pesquisadora do objETHOS tem a melhor tese de doutorado do país.
Estamos muito felizes e orgulhosos com o reconhecimento do trabalho de Janara Nicoletti, que venceu o Prêmio Adelmo Genro Filho de Pesquisa em Jornalismo com a tese “Reflexos da precarização do trabalho dos jornalistas sobre a qualidade da informação: proposta de um modelo de análise”. O trabalho foi orientado pelo professor Jacques Mick no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC.
De forma inédita e muito rigorosa, Janara demonstra como a piora nas condições de trabalho dos profissionais afeta a qualidade do jornalismo brasileiro. Janara teve apoio da Capes para fazer o doutorado, e inclusive passou um período na Technische Universität Ilmenau, na Alemanha. Hoje, ela vive em Berlim mas se mantém como pesquisadora associada do objETHOS.
TRANSPARÊNCIA & DIREITOS NA REDE
Ainda na vibe de prestação de contas, informamos que o objETHOS é o mais novo integrante de duas importantes iniciativas da sociedade civil: o Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas e a Coalizão Direitos na Rede.
O fórum foi criado em 2003 e é formado por entidades, organizações de mídia e pesquisadores que acompanham a implementação da Lei de Acesso a Informação. O fórum, aliás, foi muito importante para a aprovação e sanção dessa lei. Além disso, ele tem tido um grande papel na abertura de dados de interesse público e no aperfeiçoamento dos portais de transparência, por exemplo.
A Coalizão Direitos na Rede é mais recente. Surgiu em 2016, e é composta por entidades e pesquisadores que defendem direitos digitais, uma batalha muito atual, não é mesmo? Marco Civil e LGPD têm tudo a ver com o trabalho da coalizão… Os principais temas de atuação da CDR são acesso, liberdade de expressão, proteção de dados pessoais e privacidade na internet.
Além de tratar de ética jornalística, o objETHOS desenvolve pesquisas em temas como transparência, privacidade e liberdade de expressão. Estamos animados com as novas parcerias!
RADAR
Iniciativas de jornalismo periférico se valem do território para legitimar suas práticas. Mais artigo da E-Compós, assinado por Cláudia Nonato, Fernando Pachi Filho e Camila Camargo.
Pautas sobre catástrofes naturais tendem a engajar jornalistas emocionalmente no trabalho. Trauma pode ser uma das consequências à saúde mental.
Richard Romancini reflete sobre as questões éticas envolvidas na pesquisa de grupos de direita em contexto digital.
O desafio de cobrir ciência pela primeira vez durante a pandemia é uma realidade para muitos jornalistas. Hollie Smith e Meredith Morgoch questionam a eficácia de programas de treinamento sobre jornalismo científico no contexto estadunidense.
Sabe quando a fonte tem motivo suficiente para solicitar a remoção de um conteúdo já publicado? Neste artigo, editores são entrevistados para refletir sobre um dilema ético que envolve privacidade digital.
Sim, já temos o primeiro e-book sobre jornalismo e pandemia disponível para download. Dezoito artigos discutem o acontecimento do ano em Jornalismo em tempos da pandemia do novo coronavírus. A organização é de Hebe Maria Gonçalves de Oliveira e Sergio Gadini.
E tem mais: sabe o livro Midiatização, (in)tolerância e reconhecimento, organizado por Barbara Heller, Danila Cal e Ana Paula da Rosa? Baixe aqui!
SECOS & MOLHADOS
Super-ricos despejam dinheiro no jornalismo, como é o caso de Bill Gates. Mas isso pode representar um problema para o jornalismo, adverte Tim Schwab. Independência editorial é o nome do jogo, e já falamos disso há algumas semanas.
As indústrias de mídia e tecnologia estão em rota de colisão há algum tempo. David Cohn vê algum futuro a partir desse atrito…
No Observatório da Imprensa, ciberataques contra veículos alternativos preocupam a nossa frágil democracia.
Jornalistas estão aceitando pagamentos como influenciadores. Eddie Nsabimana aborda esse debate ético em Ruanda.
Muckrackers são os jornalistas que mordem os calcanhares dos poderosos. Um grupo de estudantes da Pontificia Universidad Javeriana, da Colômbia, produziu uma série de podcasts com o sugestivo nome “Ética para Muckrakers”. Ouça!
Que tal uma série de aulas curtinhas sobre ética e filosofia com uma autoridade no assunto? Confira no canal do YouTube do professor Darlei Dall’Agnol.
Uma juíza do Rio proibiu a Rede Globo de divulgar informações sobre o senador Flavio Bolsonaro na investigação sobre “rachadinha”. O caso tem o cheiro podre de censura prévia, e a emissora de TV prometeu recorrer.
Parece que o Brasil de hoje é o Brasil de ontem? Pois é, nosso pesquisador Jéferson Silveira Dantas escreveu sobre isso.
O que motiva o jornalismo comunitário de cunho profissional? Nossa pesquisadora Juliana Freire Bezerra responde.
Tim Davie assumiu como diretor-geral da BBC e fez um discurso inspirador. Nossos parceiros da Red Ética fizeram um resumo sobre as lições de ética jornalística.
Novidade na área: conheça Lição de Casa, um projeto colaborativo de investigação jornalística sobre os impactos da pandemia na educação.
Em monitoramento inédito, Artigo 19 aponta que agentes políticos ligados ao governo Bolsonaro cometeram 449 violações a jornalistas em 20 meses.
AGENDE-SE
Na edição passada, falamos de LGPD. Que tal um webinar que trate das adequações que as agências de comunicação precisam fazer com a nova lei? É dia 29. Saiba mais sobre esta iniciativa do Comunique-se!
Tem mesa sobre cobertura jornalística na Amazônia com Sônia Bridi (Globo), Ana Aranha (Repórter Brasil) e Gustavo Faleiros (InfoAmazonia). Mais discussões acontecem hoje no seminário Jornalistas em Diálogo.
Um webinário sobre desinformação no Nordeste será organizado pela ULEPICC-Brasil e a COAR, projeto de fact-checking piauiense. Ocorre entre 6 e 9 de outubro, com inscrições gratuitas e programação completa aqui.
Estratégias discursivas na construção de notícias falsas sobre a pandemia é o tema de mais um encontro no ciclo de debates Discurso jornalístico em tempos de pandemia. Será hoje, às 15h. Inscreva-se.
16 de outubro é o prazo final para artigos submetidos ao Seminário de Inverno de Estudos em Comunicação. É a 23ª edição do evento organizado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Você tem até o fim do mês, 30/09, para submeter seu texto ao periódico Cambiassu.
Dairan Paul
e
Rogério Christofoletti
continuam cansados, mas seguem firmes e fortes. A próxima cartinha chega no fim do mês: 30 de setembro.
Este é um produto do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), projeto do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil.