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Jornalistas migram cada vez mais para assessorias, docência e empregos fora da área
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Jornalistas migram cada vez mais para assessorias, docência e empregos fora da área

Edição 88

objETHOS
Sep 16, 2020
3
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Olá, assinante!

As mudanças no mundo do trabalho, as revoluções tecnológicas, as transformações culturais e a loooonga crise financeira no setor têm provocado verdadeiros movimentos tectônicos no jornalismo. Tendo que se adaptar continuamente, os trabalhadores da informação têm sido testemunhas e protagonistas de histórias em muitas direções. No Brasil, alguns estudos começam a mostrar para onde estamos indo…


RUMOS

Os números não são muito animadores: em um intervalo de cinco anos, metade dos que trabalhavam como jornalistas agora estão em assessorias, docência ou atividades não-jornalísticas. Dados comparativos de 2012 e 2017 também revelam redações cada vez mais jovens e o aumento no número de profissionais freelancers.

Sintomas da famigerada crise, né?

Publicado recentemente pela E-Compós, o artigo de Camilla Tavares, Cintia Xavier e Felipe Pontes investiga mudanças na carreira de 517 jornalistas brasileiros. Os participantes são os mesmos respondentes de outra pesquisa — o Perfil do Jornalista Brasileiro, realizada em 2012 por Jacques Mick e Samuel Lima.

Mulheres estão entre a maioria que deixou a profissão para exercer outras atividades, como assessoria ou docência. A transição também acompanha um percentual significativo: 60% não trabalham mais com jornalismo e estão desempregadas. Para Tavares, Xavier e Pontes, o dado é um possível indício das dificuldades estruturais de gênero no mercado de trabalho.

Pouco tempo de carreira também caracteriza a amostra da pesquisa, de dois a 10 anos. O processo de juvenilização do jornalismo, já verificado em outras pesquisas do tipo, pode ser uma pista para compreender a alta rotatividade dos mais experientes em outras áreas.


VERDADE, VACINAS E COVID

Nas últimas semanas, publicamos mais duas entrevistas em nosso especial sobre Covid-19 e comunicação.

Parece que a pandemia foi mesmo uma surpresa para a mídia brasileira. Será? Helena Martins, pesquisadora da UFC, tratou deste e outros temas importantes.

Igor Sacramento, da UFRJ/Fiocruz, fala sobre confiança, experiência subjetiva e outros fatores que têm afetado a noção de verdade na sociedade. Isso tudo abala sensivelmente o trabalho de cientistas e jornalistas. Confira mais aqui.


A MELHOR TESE

O objETHOS é um projeto desenvolvido numa universidade pública, mantido com recursos públicos. Nada mais justo que a gente dê satisfações sobre o que fazemos, e às vezes, é muito prazeroso fazer isso! É o caso desta notícia: Pesquisadora do objETHOS tem a melhor tese de doutorado do país.

Estamos muito felizes e orgulhosos com o reconhecimento do trabalho de Janara Nicoletti, que venceu o Prêmio Adelmo Genro Filho de Pesquisa em Jornalismo com a tese “Reflexos da precarização do trabalho dos jornalistas sobre a qualidade da informação: proposta de um modelo de análise”. O trabalho foi orientado pelo professor Jacques Mick no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC.

De forma inédita e muito rigorosa, Janara demonstra como a piora nas condições de trabalho dos profissionais afeta a qualidade do jornalismo brasileiro. Janara teve apoio da Capes para fazer o doutorado, e inclusive passou um período na Technische Universität Ilmenau, na Alemanha. Hoje, ela vive em Berlim mas se mantém como pesquisadora associada do objETHOS.


TRANSPARÊNCIA & DIREITOS NA REDE

Ainda na vibe de prestação de contas, informamos que o objETHOS é o mais novo integrante de duas importantes iniciativas da sociedade civil: o Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas e a Coalizão Direitos na Rede.

O fórum foi criado em 2003 e é formado por entidades, organizações de mídia e pesquisadores que acompanham a implementação da Lei de Acesso a Informação. O fórum, aliás, foi muito importante para a aprovação e sanção dessa lei. Além disso, ele tem tido um grande papel na abertura de dados de interesse público e no aperfeiçoamento dos portais de transparência, por exemplo.

A Coalizão Direitos na Rede é mais recente. Surgiu em 2016, e é composta por entidades e pesquisadores que defendem direitos digitais, uma batalha muito atual, não é mesmo? Marco Civil e LGPD têm tudo a ver com o trabalho da coalizão… Os principais temas de atuação da CDR são acesso, liberdade de expressão, proteção de dados pessoais e privacidade na internet.

Além de tratar de ética jornalística, o objETHOS desenvolve pesquisas em temas como transparência, privacidade e liberdade de expressão. Estamos animados com as novas parcerias!


RADAR

  • Iniciativas de jornalismo periférico se valem do território para legitimar suas práticas. Mais artigo da E-Compós, assinado por Cláudia Nonato, Fernando Pachi Filho e Camila Camargo.

  • Pautas sobre catástrofes naturais tendem a engajar jornalistas emocionalmente no trabalho. Trauma pode ser uma das consequências à saúde mental.

  • Richard Romancini reflete sobre as questões éticas envolvidas na pesquisa de grupos de direita em contexto digital.

  • O desafio de cobrir ciência pela primeira vez durante a pandemia é uma realidade para muitos jornalistas. Hollie Smith e Meredith Morgoch questionam a eficácia de programas de treinamento sobre jornalismo científico no contexto estadunidense.

  • Sabe quando a fonte tem motivo suficiente para solicitar a remoção de um conteúdo já publicado? Neste artigo, editores são entrevistados para refletir sobre um dilema ético que envolve privacidade digital.

  • Sim, já temos o primeiro e-book sobre jornalismo e pandemia disponível para download. Dezoito artigos discutem o acontecimento do ano em Jornalismo em tempos da pandemia do novo coronavírus. A organização é de Hebe Maria Gonçalves de Oliveira e Sergio Gadini.

  • E tem mais: sabe o livro Midiatização, (in)tolerância e reconhecimento, organizado por Barbara Heller, Danila Cal e Ana Paula da Rosa? Baixe aqui!


SECOS & MOLHADOS

  • Super-ricos despejam dinheiro no jornalismo, como é o caso de Bill Gates. Mas isso pode representar um problema para o jornalismo, adverte Tim Schwab. Independência editorial é o nome do jogo, e já falamos disso há algumas semanas.

  • As indústrias de mídia e tecnologia estão em rota de colisão há algum tempo. David Cohn vê algum futuro a partir desse atrito…

  • No Observatório da Imprensa, ciberataques contra veículos alternativos preocupam a nossa frágil democracia.

  • Jornalistas estão aceitando pagamentos como influenciadores. Eddie Nsabimana aborda esse debate ético em Ruanda.

  • Muckrackers são os jornalistas que mordem os calcanhares dos poderosos. Um grupo de estudantes da Pontificia Universidad Javeriana, da Colômbia, produziu uma série de podcasts com o sugestivo nome “Ética para Muckrakers”. Ouça!

  • Que tal uma série de aulas curtinhas sobre ética e filosofia com uma autoridade no assunto? Confira no canal do YouTube do professor Darlei Dall’Agnol.

  • Uma juíza do Rio proibiu a Rede Globo de divulgar informações sobre o senador Flavio Bolsonaro na investigação sobre “rachadinha”. O caso tem o cheiro podre de censura prévia, e a emissora de TV prometeu recorrer.

  • Parece que o Brasil de hoje é o Brasil de ontem? Pois é, nosso pesquisador Jéferson Silveira Dantas escreveu sobre isso.

  • O que motiva o jornalismo comunitário de cunho profissional? Nossa pesquisadora Juliana Freire Bezerra responde.

  • Tim Davie assumiu como diretor-geral da BBC e fez um discurso inspirador. Nossos parceiros da Red Ética fizeram um resumo sobre as lições de ética jornalística.

  • Novidade na área: conheça Lição de Casa, um projeto colaborativo de investigação jornalística sobre os impactos da pandemia na educação.

  • Em monitoramento inédito, Artigo 19 aponta que agentes políticos ligados ao governo Bolsonaro cometeram 449 violações a jornalistas em 20 meses.


AGENDE-SE

  • Na edição passada, falamos de LGPD. Que tal um webinar que trate das adequações que as agências de comunicação precisam fazer com a nova lei? É dia 29. Saiba mais sobre esta iniciativa do Comunique-se!

  • Tem mesa sobre cobertura jornalística na Amazônia com Sônia Bridi (Globo), Ana Aranha (Repórter Brasil) e Gustavo Faleiros (InfoAmazonia). Mais discussões acontecem hoje no seminário Jornalistas em Diálogo.

  • Um webinário sobre desinformação no Nordeste será organizado pela ULEPICC-Brasil e a COAR, projeto de fact-checking piauiense. Ocorre entre 6 e 9 de outubro, com inscrições gratuitas e programação completa aqui.

  • Estratégias discursivas na construção de notícias falsas sobre a pandemia é o tema de mais um encontro no ciclo de debates Discurso jornalístico em tempos de pandemia. Será hoje, às 15h. Inscreva-se.

  • 16 de outubro é o prazo final para artigos submetidos ao Seminário de Inverno de Estudos em Comunicação. É a 23ª edição do evento organizado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.

  • Você tem até o fim do mês, 30/09, para submeter seu texto ao periódico Cambiassu.


Dairan Paul e Rogério Christofoletti continuam cansados, mas seguem firmes e fortes. A próxima cartinha chega no fim do mês: 30 de setembro.

Este é um produto do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), projeto do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil.

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