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O jornalismo que chama a mentira pelo nome
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O jornalismo que chama a mentira pelo nome

Edição 120: mais ataques a jornalistas + hábitos de consumo de notícias + livros grátis

objETHOS
Mar 23, 2022
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O jornalismo que chama a mentira pelo nome
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Olá, assinante!

Em Rio das Pedras (SP), um assessor da prefeitura hostilizou um jornalista.

Em Caxias (MA), um ex-deputado federal agrediu jornalistas e quebrou uma câmera.

No Distrito Federal, um empresário ameaçou repórteres.

Em Belo Horizonte, lançaram bombas contra uma equipe de TV que cobria um protesto de policiais.

A guerra contra os profissionais de imprensa continua no país, e em ano eleitoral a coisa costuma piorar. Do Poder Executivo federal não se pode esperar nada, mas dá pra ter esperanças com o Parlamento e o Judiciário?

Leia as edições anteriores


VIOLÊNCIA DE GÊNERO

Na Espanha, o governo da província de La Rioja e a associação de imprensa local criaram um protocolo que orienta jornalistas a como cobrir violência de gênero e crimes sexuais.

Nos Estados Unidos, o Los Angeles Times criou um guia do que se fazer após um estupro ou violência sexual.

No Brasil, estudo da Abraji e Unesco revela que mulheres jornalistas sofrem um ataque a cada três dias, em média, no país.

Na Rússia, uma jornalista capturou a atenção do mundo com a coragem de enfrentar Vladimir Putin e a censura na TV estatal. Marina Ovsyannikova é o nome dela.


ENQUANTO ISSO…

… publicamos em nosso site um artigo de Álisson Coelho que provoca: se o jornalismo fosse mais transparente, poderíamos reduzir a violência contra jornalistas?

Rogério Christofoletti, por sua vez, parte de um episódio mal explicado na Folha de S.Paulo para rediscutir o conceito de “interesse público”. Para ir mais longe, que tal exumar este artigo científico com Guilherme Triches que analisa como o conceito aparece em 30 códigos deontológicos pelo mundo?

Tem muleta ética mais repetida por aí?


PENSATA

“Será que o meu ofício doloroso é o de adivinhar na carne a verdade que ninguém quer enxergar?”

Clarice Lispector, escritora e jornalista brasileira nascida na Ucrânia


RADAR

O que mudou na cobertura da imprensa sobre as declarações de Jair Bolsonaro entre 2020 e 2021? A adição de um verbo: mentir.

Adriana Barsotti e Leonel Aguiar analisaram dois momentos de ampla reprodução de mentiras do presidente. Em setembro de 2020, jornais qualificaram o discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU como “falso” e “sem provas”. Nenhum dos cinco veículos (O Globo, Estadão, Folha, Agência Lupa e Aos Fatos) recorreu à palavrinha mágica.

Isso não se repetiu no ano seguinte. Lupa reavaliou a necessidade de apontar mentiras na pandemia e deu aquela sacudida nos colegas. Os reflexos já aconteceram em março de 2021, durante a cobertura de um pronunciamento do presidente. “Mentira” aparece pela primeira vez nas chamadas, atrás apenas de “distorção” como a palavra mais empregada para qualificar as falas de Bolsonaro.

Barsotti e Aguiar apostam que essa mudança pode resgatar o lugar de autoridade da profissão e desconstruir narrativas da pós-verdade. “Ao nomearem a mentira, jornalistas estão interpretando e fazendo um julgamento ético que, muitas vezes, a objetividade jornalística tenta recalcar”.

Foi uma “estratégia tardia”, afirmam os autores, mas com possíveis alterações na cultura dos jornalistas. Você concorda?


HÁBITOS PANDÊMICOS

  • O artigo de Barsotti e Aguiar faz parte da nova edição da Líbero sobre jornalismo e conhecimento em tempos de capitalismo pandêmico. Vale a pena conferir o grande elenco que assina os demais textos.

  • Novo relatório do Instituto Reuters mapeou desigualdades em 100 redações de cinco países. Sabe quantos editores do Brasil não são brancos? Nenhum!

  • Quais hábitos no consumo de notícia foram alterados pela pandemia e devem permanecer a longo prazo? Artigo de acesso aberto na Journalism Studies.

  • Baixe o livro “Jornalismo e Produção de Sentido”, organizado por Maria Nazareth Bis Pirola e Rafael Paes Henriques. Capítulos sobre objetividade jornalística, rotina de telejornais, e enquadramento jornalístico sobre violência contra mulher, entre outros temas.

  • Tem ainda este e-book sobre competências críticas em informação, organizado por Arthur Bezerra e Marco Schneider.

  • Mais um: “A Linguagem da Reportagem”, de Yvana Fechine e Luisa Abreu e Lima, apresenta contribuições para o ensino do telejornalismo.


SECOS & MOLHADOS

  • É comum dizerem que educação midiática evita que as pessoas espalhem notícias falsas. Saiu um estudo que contraria esta ideia.

  • Assessor de imprensa é jornalista? A polêmica está de volta, a partir de um julgamento do Tribunal Superior do Trabalho.

  • Enquanto Putin não retira suas garras da Ucrânia, observamos erros e dilemas da cobertura jornalística. Nosso pesquisador Carlos Castilho aponta alguns.

  • Cobrir a guerra afeta a saúde mental dos jornalistas. Uma especialista dá seis dicas para os jornalistas que acompanham o conflito a distância.

  • Lembra do Chris Cuomo, o âncora da CNN demitido por ajudar a encobertar os assédios sexuais do irmão, governador de New York? Pois é, ele está processando a emissora e pedindo 125 milhões de dólares.

  • O Conselho de Informação da Catalunha apresentou estudo sobre inteligência artificial nas redações com sugestões para incluir valores éticos do jornalismo.

  • A Unesco vai apoiar o Conselho Albanês de Mídia para realizar pesquisas sobre a moderação do conteúdo jornalístico nas mídias sociais.

  • Na Austrália, a autoridade de mídia e comunicação alerta que o código de conduta digital não consegue impedir todos os danos da desinformação.

  • Por aqui, o PL das Fake News continua causando. Depois do Facebook, o Google criticou publicamente o projeto de lei. Ana Regina Rêgo, coordenadora da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNDC), da qual fazemos parte, apontou os reais motivos das big techs. A Associação de Jornalismo Digital (AJOR) vê risco à pluralidade caso o texto seja aprovado do jeito que está.


AGENDE-SE

  • Lá no final do ano, de 8 a 10 de dezembro, acontece em Bordeaux, na França, o Encontro Internacional de Pesquisa em Jornalismo. São três eventos em um e a chamada de trabalhos encerra no dia primeiro de maio.

  • Curso novo e gratuito do Centro Knight sobre formas de monetizar e promover meios digitais sustentáveis. Começa em 11 de abril.

  • Bolsa Orlando Sierra da Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da CIDH está com chamada aberta também até 15 de abril.

  • Está acompanhando o Festival 3i pelo YouTube? Todas as mesas estão disponíveis por lá.

  • Diretamente de nossa última edição, algumas chamadas ainda de pé: 7º Congresso de Comunicação, Jornalismo e Espaço Público (só até hoje); International Congress on Disinformation and Fact-Checking (27/03); 7º Congresso Internacional Comunicación y Pensamiento (28/03); dossiês sobre jornalismo e sociedade (Media & Jornalismo — 31/03), mitologias na atividade jornalística (Esferas — 30/04) e reportagem em quadrinhos (Sur Le Journalisme — 15/05).


Dairan Paul & Rogério Christofoletti concluíram com sucesso mais esta edição. A próxima newsletter chegará até você em 6 de abril.

Esta é uma realização do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), projeto do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil.

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