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O pódio que gostaríamos nas Paralimpíadas
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O pódio que gostaríamos nas Paralimpíadas

Edição 109: adeus do mestre + desequilíbrios de gênero + 3 livros grátis

objETHOS
Aug 25, 2021
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O pódio que gostaríamos nas Paralimpíadas
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Olá, assinante!

As Paralimpíadas começaram ontem, 24, em Tóquio, e existe grande expectativa sobre o desempenho dos atletas brasileiros, que conquistaram 72 medalhas no Rio em 2016. Aliás, já tem ouro, prata e bronze!

Mas se o jornalismo também disputasse, gostaríamos de ver:

Medalha de bronze: coberturas que ocupassem mais tempo e espaço do que nas vezes anteriores, ampliando a visibilidade desses atletas.

Medalha de prata: jornalismo que passasse a cobrir essas modalidades full-time e não apenas a cada quatro anos.

Medalha de ouro: matérias que driblassem o capacitismo e os clichês do “coitadismo” e da superação.

(Por falar nisso, que tal um minimanual de jornalismo humanizado que te ajuda a cobrir histórias de pessoas com deficiência?)


ADEUS, NILSON LAGE

Às vésperas do fechamento desta edição, perdemos o professor Nilson Lage, uma referência nos estudos de jornalismo no Brasil.

Ele escreveu livros clássicos como “Ideologia e Técnica da Notícia”, e formou gerações de jornalistas e pesquisadores da área. Antes de seguir carreira acadêmica, foi jornalista no Diário Carioca, Última Hora, O Globo e Manchete. Tinha 84 anos e lutava há dois contra um câncer.

Vai fazer falta. Já faz!


NO OBJETHOS…

  • Samuel Pantoja Lima repassa as encruzilhadas da CPI da Covid.

  • Kalianny Bezerra mostra porque discurso de ódio não pode ser confundido com liberdade de expressão (sim! ainda tem gente que confunde…).

  • Jéferson Silveira Dantas escreve sobre a tática bolsonarista de manter tensão permanente.

  • Silvia Meirelles põe o dedo na ferida: preste atenção nas perguntas que alguns jornalistas fazem. Pode não ser por motivos jornalísticos…

  • Amanhã tem artigo novo sobre a CPI. Não deixe de conferir.


NA ABRAJI…

Começou na segunda, 23, e vai até domingo, 29, o 16º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji. De forma remota, claro. A programação é variada e quente, e tem até entrevista com o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros!

Os melhores movimentos podem ser acompanhados pela cobertura colaborativa do Repórter do Futuro/Oboré.

Se a sua vibe é mais acadêmica, no sábado, tem o 8º Seminário de Pesquisa, com a apresentação de trabalhos científicos e mesas de debates. Pesquisadores do objETHOS participam de duas delas: Rogério Christofoletti debate com o ombudsman da Folha de S.Paulo, José Henrique Mariante, os limites éticos entre jornalismo e informes publicitários; e Samuel Pantoja Lima e Jacques Mick apresentam o livro “Jornalismo Local a Serviços dos Públicos", que sintetiza resultados de pesquisa realizada entre 2016 a 2019 em Joinville.


SALVE NOS FAVORITOS

Tem mais jornalismo independente pra você fortalecer. Leia e aprecie:

  • No aniversário de Teresina, Ocorre Diário lembrou porque a cidade é uma “maquina de moer carne de gente preta”. Videorreportagem contundente sobre a vida de mulheres negras que moram nas comunidades periféricas.

  • Em Alagoas, um observatório que analisava semanalmente o cenário pandêmico foi encerrado devido aos cortes orçamentários na UFAL. Reportagem da Mídia Caeté denuncia mais uma peça no desmonte das universidades públicas.

  • Terminando de forma leve (mas nem tanto): um guia para quem desconhece literatura russa nesta entrevista do site A Pista com o tradutor Irineu Perpétuo.


RADAR

Várias pesquisas demonstram que a representação de mulheres nas notícias é problemática (alguém falou em estereótipos e fontes masculinas?). Tem a ver com a estrutura patriarcal da sociedade, claro. Mas a falta de recursos das redações também incide na qualidade da cobertura, argumentam pesquisadores da Universidade de Zurich, na Suíça.

Daniel Vogler e Lisa Schwaiger analisaram 77 mil itens noticiosos publicados em 16 veículos suíços entre 2011 e 2019. Perceberam que o predomínio de homens diminui com o tempo, mas ainda permanece nas editorias de esportes, política e economia. Mulheres são mais mencionadas como fonte ou tema de cobertura quando a matéria não utiliza apenas textos de agência de notícias.

E quem depende menos de agência é quem tem dinheiro para investir em apuração.

Segundo os autores, os resultados demonstram que mulheres são melhor e mais representadas no noticiário quando jornalistas dispõem de recursos para apurações mais qualificadas. Ou seja: tempo. Vogler e Schwaiger observam que mesmo profissionais conscientes das disparidades de gênero tendem a recorrer às mesmas fontes masculinas devido à pressão das rotinas nas redações. Um ciclo vicioso, em outras palavras.

Pra não ter desculpa, lembramos que existem bancos de fontes que facilitam o acesso de jornalistas a vozes mais diversas. Acesse Celina, Mulheres do Mato, Entreviste um Negro e Jornalismo Antirracista. Conhece mais algum? Escreve pra gente!


ANÁLISE DE CONJUNTURA

  • De que forma a retórica bolsonarista se manifesta nos comentários dos leitores? Lia Pagoto e Raquel Longhi desceram até as profundezas do Instagram para investigar ataques contra o jornalismo.

  • Foucault e ética jornalística ornam? Mirjam Gollmitzer quer nos convencer que sim. Ela utilizou conceitos como “empresário de si” e “eu ético” para interpretar o trabalho precarizado de jornalistas freelancers.

  • Que tal uma análise de conjuntura das políticas de comunicação no Brasil? Tem este ótimo ebook que resultou da parceria entre o LaPCom (UnB) e a ULEPICC. Janara Nicoletti, pesquisadora do objETHOS, assina capítulo com Fernando Paulino e Elton Pinheiro sobre violência contra jornalistas na pandemia.

  • Já estão disponíveis os dois volumes do ebook “Comunicação e Jornalismo: metodologias para se pensar a docência, o ensinar e o pesquisar”, com organização de Gilson Pôrto Jr. Aqui e aqui.


SECOS & MOLHADOS

  • Os talibãs voltaram com tudo e isso também é uma notícia ruim para os jornalistas, conforme se pode ver nesse apanhadão do Farol Jornalismo.

  • O jornalismo também falhou no Afeganistão, opina Peter Klein na Columbia Journalism Review. Será?

  • Justiça rejeitou queixa-crime de Augusto Aras contra o colunista da Folha de S.Paulo e professor Conrado Hubner Mendes.

  • Por falar em justiça, Anderson Scardoelli lembra como o presidente da República e seu guru astrológico se deram mal em processos contra jornalistas…

  • Ainda assim, jornalistas continuam apanhando sob as asas de Bolsonaro.

  • De olho nisso e na avalanche de ataques acumulados será lançada no dia 31 uma rede de proteção de comunicadores e jornalistas.

  • Imparcialidade: um estudo do Reuters Institute que abrange Brasil, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos.

  • Conflito de interesses. Falamos pouco disso no Brasil, mas Tim Schwab deu umas caneladas na mídia dos EUA…

  • Jornalismo digital no contexto da plataformização: um vídeo do GJOL com Rosental Calmon Alves.

  • Tempo de TV é corrido, né? Natuza Nery dá um jeito nisso.

  • Em Portugal, o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas está preocupado com o uso de figuras de estilo no lugar de nomes próprios…

  • Ainda em Portugal, um jornal publica artigo de médico negacionista, mas se arrepende, despublica e pede desculpas.

  • No Brasil, a CNN desmentiu no ar seu colunista Alexandre Garcia.


AGENDE-SE

  • A revista Eptic prorrogou o prazo para receber artigos para o seu especial sobre concentração na internet e regulação. Até dia 30.

  • Jornalismo e Comunicação Digital: plataformas, redes e atores em relação - um dossiê da revista Pauta Geral com prazo até 12 de setembro.

  • O Congresso Brasileiro dos Jornalistas acontece em setembro, de forma remota e dividido em dois finais de semana: dias 17, 18, 24, 25 e 26. Inscrições abertas.

  • Na revista Social Media + Society, tem chamada de textos sobre economia política da desinformação. Resumos até 15/10, artigo completo em março de 2022.

  • Como a pandemia modificou nossa experiência com a mídia? Este é o tema do próximo dossiê da Mídia e Cotidiano. Deadline em 19/10.

  • Realidade virtual será o centro das atenções em edição da Brazilian Journalism Research em 2023. Data de envio até 30/09 de 2022. Antes disso lembramos de outra chamada aberta: jornalismo empreendedor, até 30/11.

  • Aproveita! Tem ainda chamada para capítulo de livro sobre Caco Barcellos (22/10), temas livres na revista Estudos em Jornalismo e Mídia (sem prazo), dossiê sobre jornalismo como forma de conhecimento (15/09), futebol e jornalismo (30/11), democracia e radiojornalismo (31/01/22).


Esperançosos pelo fim da pandemia, Dairan Paul e Rogério Christofoletti fizeram mais esta newsletter. A próxima edição chega em 8 de setembro. Quem sabe até lá as coisas melhoram...

Esta newsletter é um produto do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), projeto do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil.

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