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Que tal apoiar $$$ a mídia independente antirracista?
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Que tal apoiar $$$ a mídia independente antirracista?

Edição 93: racismo e jornalismo + perfil de jornalistas sindicais + falta transparência na mídia e muito mais neste 2020 que não termina

objETHOS
Nov 25, 2020
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Olá, assinante!

Você que é de humanas nem precisa fazer muito as contas: falta exatamente um mês para o Natal. Em anos normais, já estaríamos preparando retrospectivas, se acotovelando nas lojas para comprar presentes e tirando o pé do acelerador, certo?

Saudade de um ano decente, né, minha filha? Não é o caso de 2020. Este ano que insiste em nos surpreender e aterrorizar a cada dia. Então, antes que algo aconteça, chega de nariz-de-cera, e vamos a mais uma edição desta cartinha quinzenal.


CHUTANDO CANELAS

Olhe ao seu redor e responda com honestidade:

  • Quantos jornalistas negros trabalham na sua equipe?

  • Quantos chefes pretos você já teve?

  • Nesta semana, já entrevistou uma fonte negra que ocupasse um cargo ou função de decisão?

  • Já considerou apoiar financeiramente alguma mídia independente antirracista? Tipo Geledés, Alma Preta, Blogueiras Negras e Negrê…


TRANSPARÊNCIA…

A pandemia trouxe com força a necessidade de governos divulgarem dados corretos e precisos sobre a situação sanitária. A sociedade pede transparência, mas os jornalistas exigem. Pena que as empresas de mídia não sejam um exemplo disso, né? Nem aqui, nem em outras partes.

Acostumados a cobrar responsabilidade social do setor, os espanhóis percebem também que a coisa anda bem opaca por lá. Nenhum grupo de comunicação foi considerado transparente sobre suas políticas e práticas, concluiu um relatório lançado pela Fundación Compromisso y Transparencia.

A edição mais recente do estudo Primera Plana — a terceira — analisa os 21 maiores conglomerados de comunicação espanhol, trazendo um ranking do ramo, informações sobre financiamento e independência, e um apêndice com boas práticas anglo-saxãs. Já pensou um levantamento desses por aqui?


NOSSOS PARÇAS

  • No Observatório da Imprensa, Pedro Varoni e Thallys Braga entrevistaram os jornalistas Chico Otavio e Vera Araújo sobre o aguardado livro-reportagem “Mataram Marielle”.

  • Mais uma entrevista: a professora Maria Helena Weber, do ObComp, analisa o atual momento da comunicação pública para o Comunicolog.

  • Na Red Ética da Fundación Gabo, conselhos éticos de Javier Darío Restrepo para cobrir desastres naturais.

  • Como domingo ainda tem Segundo Turno em várias cidades, que tal conferir as contribuições da Coalizão Direitos na Rede ao processo eleitoral?

  • Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNDC) só cresce. Já são 74 iniciativas.


É NÓIS!

Não é exibição, não! É prestação de contas!

Três pesquisadores do objETHOS — Samuel Lima, Janara Nicoletti e Andressa Kikuti — são autores de capítulos na coletânea Novos olhares sobre o trabalho no jornalismo brasileiro, recém-lançada pela Editora Insular.

Em nosso site, Carlos Marciano escreveu sobre a esperança que vem das urnas, e Tânia Giusti se pergunta sobre o que podemos esperar da Rede Regional de Notícias.

O ano está acabando e a gente não para. Em algumas semanas, teremos uma baita novidade para os nossos leitores…


RADAR

Quatro décadas separam Todos os Homens do Presidente (1976) de The Post - A Guerra Secreta (2017). Clássico obrigatório nos cursos de jornalismo, o primeiro filme conta a história dos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein no caso Watergate. Já The Post retrata o episódio de vazamento conhecido como Pentagon Papers, que revelou documentos sigilosos do envolvimento militar dos Estados Unidos no Vietnã.

Em comum, são histórias de dilemas éticos sobre a delicada relação de jornalistas e fontes. Como diferença, podem representar paradigmas distintos na prática jornalística. É o que argumentam as pesquisadoras Leticia Matheus e Patrícia Miranda neste ensaio publicado na revista E-Compós.

Para as autoras, mudanças observadas nos filmes sugerem um novo entendimento do que é o jornalismo, “colocando em xeque antigos parâmetros deontológicos da profissão”.

Todos os Homens do Presidente destaca a figura do super-repórter, cuja missão de investigar informações confere certa aura romântica à profissão. Não é o caso em The Post. Mais próximo do jornalismo contemporâneo, o filme aborda outro paradigma: a centralidade do editor nas tomadas de decisão dos veículos.

Compilar e editar materiais vazados limitaria, em alguma medida, o trabalho investigativo adicional dos repórteres. É a crítica de Matheus e Miranda: “grandes jornais passaram a operar como simples plataformas ‘vazadoras’, satisfeitos — pela economia que fazem — em reproduzir dossiês ou tweets de autoridades”.

Concorda? Discorda? Discute com a gente!


TRETA COM DIRIGENTE

Estudo de Cláudia Nonato e Letícia Kutzke traça um perfil de quem são os jornalistas sindicais de São Paulo. A maioria possui mais de 10 anos de atuação, é celetista e declara não possuir relação com movimentos sociais ou políticos.

Ainda, 40% afirmam produzir assessoria de comunicação nos sindicatos, ao contrário dos tímidos 27% que mencionam jornalismo informativo. “Ou seja, o imaginário de produzir uma mídia combativa no meio sindical se contradiz com o dia-a-dia da prática e das rotinas produtivas”, assinalam Nonato e Kutzke.

Dirigentes sindicais são um dos empecilhos. Boa parte dos participantes da pesquisa relata dificuldades para lidar com as chefias de sindicato.

Atritos vão desde a interferência dos superiores no trabalho dos jornalistas, incompreensão de como funciona o jornalismo e a recorrência dos dirigentes como fontes para pautas.

Outro tópico mencionado é o impacto da reforma trabalhista. Jornalistas sindicais temem pelo futuro dos seus locais de trabalho, com receio de possíveis mudanças que podem vir a acontecer no governo atual.


NO MUNDO DAS ASSESSORIAS

  • Jornalistas que atuam na assessoria de agências de comunicação não se sentem precarizados, apesar do acúmulo de funções e das frágeis condições de trabalho. Pesquisa de João Augusto Moliani, Fernando Pachi Filho e Camila Camargo no e-book Comunicação, Desenvolvimento, Trabalho: perspectivas críticas. Baixe gratuitamente.

  • Lembra da censura promovida pelo Supremo Tribunal Federal aos sites Crusoé e O Antagonista, acusados de publicar notícias falsas contra Dias Toffoli? Ivan Paganotti analisa os argumentos jurídicos e explica por que esses precedentes são perigosos.

  • Para João Guilherme D'Arcadia e Juliano de Carvalho, mídias sociais e aplicativos de mensagem formam o “não-lugar da notícia”. Informações que circulam nesses espaços possuem duas características: alcance imprevisível e a possibilidade de anonimato.

  • Jornalistas latino-americanos associam inovação a empreendedorismo, quando não trabalham para outros empregadores. Também consideram seus trabalhos como sendo mais inovadores do os feitos por acadêmicos de jornalismo.

  • Alô, pesquisadores de identidade profissional: tem artigo novo sobre as auto-representações de jornalistas investigativos da Noruega.

  • Como jornalistas de França e Estados Unidos lidam com métricas de audiência? Entrevista com a professora Angèle Christin (Stanford University) na última edição da newsletter DigiLabour.


SECOS & MOLHADOS

  • De primeira classe a cobertura do Matinal sobre o horrendo assassinato de João Alberto Silveira Freitas no Carrefour de Porto Alegre. É um exemplo — entre outros tantos — de um meio independente e local mostrando a força do jornalismo!

  • No começo do mês, uma ciclista foi atropelada em São Paulo enquanto voltava para casa. A cobertura do caso esbarrou na espetacularização da morte e culpabilização da vítima. Dica da leitora Olga Lopes em mensagem ao objETHOS.

  • Mais uma jornalista é vítima de ataques online. Em nota, FENAJ presta solidariedade à Maria Teresa Cruz após ser ameaçada por uma rede de perfis de extrema-direita.

  • A jornalista Janaína Xavier foi suspensa de suas atividades porque postou fotinho nas redes sociais ao lado da então candidata Joice Hasselmann durante a campanha eleitoral. O gesto contrariou orientações internas do Grupo Globo.

  • Achou que a Globo exagerou na punição e ignorou a liberdade de expressão da jornalista? Não é de hoje que o uso de redes sociais por jornalistas gera tretas. Na biblioteca do objETHOS, você tem acesso à dissertação de Janara Nicoletti sobre isso. De graça!

  • Por falar em dissertação, que tal ler a da portuguesa Mariana Maltês de Almeida Nogueira sobre ética jornalística e presunção de inocência?

  • Ainda em Portugal, o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas criou uma página com temas de ética. Vale conhecer!

  • Falamos de sindicato? O dos jornalistas de São Paulo acaba de publicar mais uma edição do jornal Unidade. Matéria de capa: Gigantes Digitais sugam o jornalismo.

  • Da Espanha, Javier Brandoli conta em El Confidencial como a carreira de correspondente internacional vem se deteriorando por lá.

  • Alan Rusbridger, o lendário editor do The Guardian, diz: “Temos que repensar o jornalismo!”. Leia esta entrevista com o ex-chefão da redação.

  • Em Mato Grosso, mais um jornalista foi assassinado. Esta maldita contagem só aumenta neste país.

  • Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, surgiu mais um observatório de mídia. Conheça!

  • Dois podcasts: Basílio Sartor, professor da UFRGS, discute por que o Amapá não é notícia. E Issaaf Karhawi, pesquisadora da USP, explica as diferenças nos pressupostos éticos de jornalistas e influenciadores digitais.

  • Rodada de lives: sustentabilidade financeira de ONGs jornalísticas; plataformização das indústrias midiáticas; jornalismo, ativismo e representação com Naiana Ribeiro, editora do portal iG; desinformação no contexto da pandemia.

  • Mais uma newsletter no pedaço: Cajueira faz curadoria sobre jornalismo independente produzido nos estados da região nordeste. Imperdível!


AGENDE-SE

  • Já está rolando o 29º Encontro da Compós. É pela internet e vai até sexta.

  • Começa hoje e vai até sexta também o 19º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo, o ENPJ. Por aqui, gente.

  • Hoje, 25, às 17 horas tem debate no YouTube da ECA/USP sobre como será o jornalismo amanhã. Participam Eugênio Bucci, Carlos Eduardo Lins da Silva e Caio Túlio Costa.

  • Ainda hoje, às 18h, rola debate sobre o jornalismo como indutor de mudanças sociais, com Ricardo Alexino e Joel Scala. É o último do ciclo “A ética que queremos”, série organizada pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

  • Dias 10 e 11 de dezembro tem o workshop online Medios, calidad y responsabilidad: La rendición de cuenta en tiempo de desinformación. Dá pra mandar resumos de até mil palavras até dia 29…

  • Dois prazos para dossiês que terminam na próxima segunda (30): “Jornalismo e experimentações” (Brazilian Journalism Research) e “Desinformação em plataformas digitais no contexto da pandemia” (Fronteiras) — nesta, você só precisa enviar uma proposta de resumo.

  • Como trabalham as rádios universitárias em tempos de ataques à ciência? Tema do primeiro dossiê de 2021 da revista Radiofonias. Submissões até 2 de fevereiro.

  • Ligue djá: vai rolar simpósio internacional sobre o fenômeno midiático Walter Mercado em 2021! Mais informações aqui.

  • Várias chamadas que divulgamos na edição anterior ainda estão de pé: dossiês sobre ética e deontologia na crise sanitária (Ámbitos — até 15/01), infodemia e o nosso futuro (Liinc — 31/03), comunicação, ética e ressignificação do humano (Paulus — 31/03), esfera pública de Habermas (31/05).


Rogério Christofoletti & Dairan Paul não aguentam mais 2020. Afinal, ele já deu motivos para ir embora... 
Até a próxima edição, em 9 de dezembro!

Este é um produto do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), projeto do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil.

Xingamentos, comentários ou palpites? Solte o grito aqui: objethos@gmail.com
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