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Os portais queridinhos do Google News
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Os portais queridinhos do Google News

Edição 102: algoritmos, sempre eles! + fundo de apoio a jornalistas + quatro ebooks

objETHOS
May 19, 2021
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Olá, assinante!

Enquanto você acompanha o depoimento à CPI do ex-ministro e general da ativa Eduardo Pazuello, que tal reforçar sua imunidade ética acompanhando o maior congresso sobre o tema? O 6º Congresso Internacional sobre Ética da Comunicação começou ontem na Universidad Complutense de Madri, vai até sexta, e pode ser assistido neste canal.

E já que está por aqui, aproveite os conteúdos desta edição!


FILHOTES PREFERIDOS

Todo agregador de conteúdo tem seus favoritos, né? Afinal, a gente tá cansado de saber que nenhuma tecnologia é neutra.

Não é diferente com o Google News. O serviço de curadoria de notícias atua em mais de 70 países e também tem seus queridinhos no Brasil, os portais G1 e Terra. São as fontes de maior visibilidade no agregador.

Ninguém sabe exatamente quais são os critérios que beneficiam alguns sites em detrimento de outros. Essa falta de transparência chegou até mesmo a motivar a saída de 154 jornais brasileiros do serviço em 2012.

Para os que permaneceram, a concentração de conteúdo em poucas fontes contraria a suposta diversidade prometida pela curadoria. É o que sustenta uma análise volumosa de um milhão e 200 mil notícias agregadas pelo Google News brasileiro durante os três primeiros meses de 2015.

Como o serviço precisa estar sempre atualizado, o algoritmo StoryRank parece privilegiar redações que produzem conteúdo diário. É por isso que os 839 canais de informação — formados sobretudo por veículos pequenos, de condições econômicas frágeis — são pouco relevantes para o agregador. Quem mantêm altas taxas de visibilidade continuam sendo grandes portais como G1 e Terra. Menores em número, mas de infraestrutura mais robusta, eles garantem o funcionamento do serviço.

E conteúdo mais concentrado significa conteúdo menos diverso. Para a pesquisadora Tania Cobos, que assina o estudo, o Google News não reforça apenas o domínio dos mesmos grupos no mercado de mídia. Ele também dá mais peso para suas orientações ideológicas, o que gera novos níveis de gatekeeping e possíveis impactos sociais ao debate público.


EM NOSSO SITE…

  • A cobertura da quebra de patentes das vacinas não pode olhar só para o Brasil — uma análise de Vinícius Augusto Bressan Ferreira.

  • Pós-Verdade e Covid-19: dois perigos ao jornalismo — um artigo de Vitória Ferreira.

  • Conhece nossa biblioteca virtual? Temos o Guia de Cobertura Ética da Covid-19 os livros Ética Jornalística e Pandemia: entrevistas com especialistas e Ética, Mídia e Tecnologia: entrevistas internacionais, e duas coleções de códigos deontológicos traduzidos (aqui e aqui).


FIQUE DE OLHO

Mais um bloco pra você conhecer novas fontes de informação jornalística — e, se possível, pre$tigiá-las:

  • O Nonada (RS) mantém o projeto Observatório de Censura à Arte e está mapeando casos de violência contra artistas no Brasil. Pelo menos 15 ataques já foram registrados neste ano.

  • Na terra de Zumbi dos Palmares, quilombolas tiveram sua prioridade na vacinação desrespeitada. Quem denuncia o “esquecimento” do governo alagoano é o site O Que Os Olhos Não Veem (AL).

  • E na semana do Dia Internacional contra a LGBTIfobia, conheça o “jornalismo independente e fora do armário” da Agência Diadorim (SP/PE). Nesta coluna, um histórico sobre os 40 anos da imprensa lésbica brasileira.


RADAR

Já que começamos falando de Google News, aproveite para ler a nova publicação da Fenaj lançada ontem. “O impacto das plataformas digitais no jornalismo” divide-se em sete capítulos que debatem a constituição econômica das big techs (ou GAFAM — Google, Amazon, Facebook, Apple e Microsoft) e seus reflexos no modelo de negócios do jornalismo.

Também é apresentada uma possível saída: a taxação das empresas, assunto que volta e meia tratamos nesta newsletter. Ao final, o relatório traz na íntegra o documento Plataforma Mundial por Um Jornalismo de Qualidade, formulado pela Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ). Com inspiração nos exemplos de Colômbia, Argentina e Uruguai, que criaram o Imposto Sobre Valor Agregado para cobrar anúncios das plataformas digitais, a versão brasileira propõe transferir os recursos para um Fundo de Apoio e Fomento ao Jornalismo e aos Jornalistas.

“Trata-se de uma justa reparação, visto que as grandes plataformas têm receita bilionária e quase não são tributadas, e de uma justa destinação de recursos a uma atividade essencial à constituição da cidadania: a produção jornalística”, defende a FIJ.

Com apoio da FENAJ, o próximo passo do grupo de trabalho é redigir as bases para um Projeto de Lei a ser enviado ao Legislativo.


FALSOS MECENAS

  • Calma que ainda não cansamos do tema. Para Diego García Ramírez, os fundos de apoio ao jornalismo do Google e Facebook não passam de uma “campanha de relações públicas”. Neste artigo, o pesquisador argumenta que as iniciativas não oferecem solução aos problemas estruturais da profissão.

  • Reserve um tempo para ler o novo relatório sobre desinformação e Covid do grupo de pesquisa MIDIARS, liderado por Raquel Recuero. Um dos resultados: usuários que compartilham fake news costumam ser mais engajados do que aqueles que desmentem mentiras.

  • Análise de um ano de cobertura da Folha de S. Paulo sobre a vacina demonstra a importância do jornalismo na conscientização dos cidadãos.

  • As diferenças e similaridades no julgamento de profissionais americanos e franceses sobre a função social do jornalismo.


4 LIVROS GRÁTIS

  • El Pueblo Quiere Saber: Acceso a la información pública, libertad de expresión y democracia, dos argentinos Mariano Irigoyen e Sebastián Castelli.

  • El periodismo en pandemia, do Foro de Periodismo Argentino (FOPEA).

  • El Periodismo Ante la Desinformación, de nossa parceira Fundación Gabo.

  • Mídia, tempo e interações sociais: conceitos em circulação, do selo PPGCOM/ UFMG.


SECOS & MOLHADOS

  • Multas milionárias, acusações de terrorismo e ‘sábados de bullying’: o assédio contra jornalistas na América Latina, por Júlio Lubianco.

  • Estamos sempre denunciando perseguições e agressões contra jornalistas no país, principalmente mulheres. Foi o caso da repórter Emanuele Madeira, da TV Clube, afiliada da Globo no Piauí, agredida fisicamente no início do mês. O Ministério Público Federal está mais do que ciente desses riscos.

  • 17 organizações e mídias independentes assinaram um editorial que pede o impeachment de Bolsonaro.

  • Nossa parceira, a Fiquem Sabendo, processou a Abin por barrar acesso a documentos públicos. Pode, Arnaldo?

  • Alguns cuidados éticos ao lidar com fontes anônimas durante uma apuração.

  • Flavia Lima agora é ex-ombudsman da Folha e passa a assumir a editoria de Diversidade no jornal. Ela coordenará um trainee destinado exclusivamente a jornalistas negros.

  • No dia 30, José Henrique Mariante, estreia como novo ombudsman da Folha.

  • Perdeu o Seminário Internacional LAI e Jornalismo: Caminhos para a Transparência Pública, da Abraji? Foi ontem, mas tem vídeo aqui.

  • Aliás, quase metade dos jornalistas brasileiros nunca utilizaram a Lei de Acesso à Informação para apurar reportagens.

  • Do Uruguai, Gabriel Kaplún se queixa do projeto de nova lei da mídia: falta transparência e ele não ataca a concentração dos meios.

  • No Velho Continente, vai surgir o European Digital Media Observatory.

  • Dois episódios de podcasts sobre jornalismo. No Vida de Jornalista, bastidores de apuração com a repórter Nayara Felizardo (The Intercept Brasil). E a repercussão do caso Samuel Klein comentado pelo diretor da Agência Pública, Thiago Domenici, no podcast Nós da Imprensa.

  • Kelly Robledo juntou diversos recursos de apoio para o exercício ético do jornalismo. Vale favoritar.


AGENDE-SE

  • Hoje à tarde tem palestra com Mauricio Stycer (UOL) sobre crítica televisiva, em evento organizado pelo grupo de estudos MidiAto, da USP.

  • Um prazo a mais para o dossiê de 100 anos de Paulo Freire, até 15/06. Chamada da revista Comunicação & Educação.

  • Inscreva até 05/07 a sua monografia, dissertação, tese ou pesquisa aplicada na 16ª edição do Prêmio Adelmo Genro Filho, da SBPJor. Os trabalhos precisam ter sido defendidos em 2020.

  • Interseccionalidade e plataformas digitais será o tema da próxima edição da Fronteiras. O periódico da Unisinos recebe proposta de resumo até 09/07.

  • Chamada para dossiê sobre raça, mídia e comunicação antirracista na revista Contemporânea. Submissões até 10/08.

  • Vários dossiês que mencionamos na newsletter passada ainda estão com prazos válidos: 30/05 — dossiê sobre mídia e inovação (Revista Observatório); 31/05 — gênero, mídia e política (Líbero); 01/06 — mídia, comunicação e liberdade de expressão (Intercom); 10/06 — desinformação, crise das verdades e negacionismo científico (Eco-Pós); 14/06 — a informação e o mal: disputas éticas, políticas e epistemológicas da Comunicação (Mídia e Cotidiano); 01/12 — jornalistas e construção midiática dos problemas públicos (Sur le journalisme/About Journalism/Sobre jornalismo).


Com um olho no editor de texto e outro acompanhando a CPI da Covid, Dairan Paul & Rogério Christofoletti produziram mais uma edição para você. A próxima chega em 2 de junho.

Esta newsletter é um produto do Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), projeto do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil.

Como estamos dirigindo? >>> objethos@gmail.com
Twitter: @objethos | Instagram: @objethos_ufsc | Facebook: @objethos
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